de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

papel de carta

Era só mais um dia de entrega, só mais um domingo.

- Tu é bonita.
- (...)
- Que foi? Nunca te disseram isso não?
- Não desse jeito. Tô com vergonha.
- Que coisa hein, menina. Eu tava lá em cima na passarela e vim aqui só porque te vi. Com essa blusa vermelha, mochila vermelha, sorriso branco. Porque tanto vermelho, é promessa é?
- É a cor do grupo.
- Meu nome é Diego.

nunca esqueceu daqueles olhos cor de mel.
mal sabia da furada e do coração que ia ser partido.

- Vem, vou te mostrar uma coisa.
- Posso me afastar do grupo, não.
- Vem menina, conheço o Reginaldo. Vem!
E com essa ordem, a primeira de muitas. Foi. Andou naquelas ruas curvas, cheias de pedras nas quais tanto torceu os pés. Subiram. Desceram. Chegou.
- Tá vendo aquele banco ali? Senta. Vou pegar um negócio.
Sentia-se doida. Não sei onde eu tô, não sei quem é esse menino. Bem, se eu morrer Deus tá vendo que tava fazendo coisa boa. Devo ir pro céu
Voltou.
- Tá aqui.
Um papel de carta com um ursinho, com cheiro bom.
- Valha, que bonito. Porque tu tá me dando isso?
- Deu vontade.
- Só assim?
- Só.
- Tá
- Meu coração disparou quando te vi. Tu é bonita de verdade. E sei lá ... o povo aqui diz que eu não tenho coração.
- Eu não sei o que dizer.
- Obrigado.
- Porque?
- Tu me lembrou que eu tenho um.
- Tô com vergonha. Gostei dos teus olhos.
- Vem. Vou te deixar lá em cima. Vou descer até o centro contigo. Quero que a gente veja o pôr-do-sol junto.
- O pôr-do-sol em cima do morro é lindo.

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