de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

domingo, 8 de março de 2015

a espera

- Eu fui ao inferno só pra encontrar você. E não achei nada. Em uma mesa vazia de amigos falsos, que não sei o sobrenome e o situação astrológica de nenhum, minha mente se confunde e como sombras vejo todos vocês: os olhos, o faminto, o que me mata, o que me inspira ... todos dentro de mim, dançando um tango planejado que parece trazer o agouro da minha morte há tanto anunciada e desde sempre planejada.

- Eu não tive tempo de esperar você, não ando tendo tempo. O tempo me consome e a rotina me leva a obrigação metódica de encontros com o nada. Que me levam a lugar algum. Eu espero você, mas sinto que outra parte foge o tempo todo.

- Eu não tenho nada! Você me tem, me teve ... a vida toda, que como uma abelha que ao perder seu ferrão, perde essência e a razão de existir, eu tenho rolado ao nada. E a vida, sim, esta tem me trazidos encontros vazios. O nada tem estado presente o tempo todo. E quando me aproximo do vazio, só encontro você. Que me lembra do adolescer febril que me fazia acreditar na existência de um amor puro de interesses. Você é a vida que eu me neguei a ter. E porque raios você me aparece? Eu não te pedi promessas vazias, eu não te pedi nada. Eu só estava lá, estou aqui ... esperando você me dizer qualquer coisa, qualquer gesto vazio que dê sentido a essa minha espera de coisa nenhuma. Estou cansada.

E com isso, sentou na areia. Deita. Chora e sorri. A liberdade de ter se derramado passa a ser emponderada.  E ai percebe que depois de anos de espera, não conseguiu nada. Apenas o coração partido, uma mala com descongestionante nasal, dois lenços e a carta que lhe escreveu aos 12 anos e que nunca vai ser entregue.

Ah, e mais uma coisa.

agora o coração que até então estava cheio.
gritava no vazio.
ele logo aprenderia a voar.