de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

os abraçadores.

As pessoas se dividem em bons e maus abraçadores.
Tem umas que sabem muito bem onde colocar os braços,
mas esquecem do coração.
Tem umas que são treinadas, beijinhos, um afeto velado
e não sabem nem onde fica o coração
Tem umas que mal parecem que têm braços.
Mas que tocam o coração e nos derretem.
São essas as que ficam, 
E ,por isso, gosto muito de pessoas que têm braços curtos
Elas aprenderam a voar pelo coração.




a sorte do poder sofrer

Ainda bem que na vida eu pude sofrer o aprendizado que você me trouxe.
Pude chorar as lágrimas febris da decepção
Pude gozar de um amor que bastava o chão para atingirmos o céu
Partilhamos de tantos adeuses.

Crescemos juntos de tantas lágrimas.
Rimos de tanto sofrer
Choramos de tantas alegrias.
Ainda bem.
Que não agora, mas que um dia nos permitimos nos encontrar.
E de tudo que tivemos, o que mais me toca foi a coragem.
A persistência
Resiliência.

ao encontro.
ao amor.

e é de mágoa.

lágrimas são dores acumuladas.
hoje eu chorei o beijo que você não me deu em junho
lágrimas são dores antecipadas
hoje eu chorei o natal que íamos passar juntos
lágrimas podem ser raiva
hoje eu amaldiçoei a sua covardia
lágrimas podem ser raiva do encontro
que era melhor não ter acontecido
lágrimas são águas que correm
e que me levam pra longe dessa dor.
mas lágrimas podem ser só lágrimas
escorridas no rosto
correndo no pescoço que outrora
foi o lugar que você tanto amou.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

(des)encontros.

- Você é a minha melhor lembrança. Aqueles clichês de "saudade que gosto de ter".
- Eu fugi de você, me escondi. Pensei que se não visse nem sua foto, eu esqueceria. Eu pensava que o problema era eu, o meu amor. Depois achei que fosse você que sempre me pareceu perfeita. E agora eu vejo que era a gente. Onde eu for, sempre poderia haver a gente.
- Poderia, mas não há. Você fugiu.
- Fugi. A felicidade assusta, não acha?
- Acho não. Felicidade engrandece. Agora medo ... separa. Mas nada é horrível como o inacabado. A possibilidade jogada fora. Eu que me desencontrei tanto na vida, aprendi a valorizar os encontros. Espero que um dia tu aprenda.
- Aprendi.
- Que bom.

Não falaram mais nada, existem amores que as palavras não dão conta. Apenas o silêncio.
A possibilidade.

Foram embora.
Tentaram acabar o inacabado ... seria possível?
Depois de tantos desencontros, lágrimas e solitudes acompanhadas, escolhidas e impostas.
Aprenderiam que abrigo só encontravam nos braços um do outro.

ou não.
a vida talvez seja apenas desencontros que nos ajudam a nos encontrar.
no mais, gratidão.


e é de luto.

Os pregos que há tanto foram cravados estavam adaptados, não doíam tanto.
O martelo era insistente. Continuava a a agir com afinco, buscava sangue, lágrimas.
A dor.
Acostumou-se.
Não que não sinta. Mas ri, tenta encontrar sentido.
Adoece.
Resiliente: mas mesmo na física, não volta a ser o mesmo.
-Hoje eu quero morrer. Não consegui.
Mas estava de luto.
Disseram que a vida é leve, paz, natureza, gratidão, amor ... "só agradece".
Esqueceram do prego, do martelo, da dor, da cruz ...

o constante luto de tentar reviver após tantas lutas perdidas.