de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

domingo, 28 de setembro de 2014

buraco

" eu gosto mesmo é quando estão dentro de mim"

depois de tantos desarranjos, só conseguia sentir-se suja.


o amor é um jogo de perder. Perder-se. Para isso é preciso permitir-se, deixar-se vulnerável.

- Meu corpo tá um caco, mas meu coração tá inteiro.

TOLA!

de que adianta esse teu coração de gelo, se o mundo tá derretendo e você tá fazendo nada?

"Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar."


em um deus que tivesse corpo, que tivesse quedas, que tivesse compreensão.

Em um deus que fosse ... gente.
Em um deus que fosse ela.
No fundo, ela só queria acreditar nela mesma.

E nessa necessidade de guardar-se, vivia se perdendo dentro.

Certo.
Desisto.
Preciso me dividir.
e está de volta a ceifadora.
agora com olhos atentos
com a boca treinada.
com a garganta banhada


Encontros vazios.

encontros com o nada
encontros com espelho

Grita: " ARRE ONDE HÁ GENTE NESSE MUNDO?"

Olhou o espelho.
Riu.
Eu me amo.


cotidiano

"o mundo é realmente um lugar muito aleatório"
- você tem olhos de ressaca.
- seus olhos são pretensiosos, parecem que querer dizer coisas sábias ... mas sua palavras são ridículas.
- Sabe esse mar, as vezes parece querer dizer tanto. O mundo é louco e a gente tem sorte.
- Porque você é assim? Não para de falar. Experimenta o silêncio, uma vez me disseram que só grandes encontros geram silêncios confortáveis.
- (...)
- Vou embora. Suas verdades me doem.
- Gratidão.

silêncio.


Na volta de um encontro aleatório, com o fim inesperado, com o coração cheio de medo ... ela conseguiu sorrir.
(topic 06)
- Sabe mulher, a vida é doida né? Eu precisei perder uma perna pra saber como as coisas simplesmente têm que ser. Tava eu toda fudida, querendo morrer. E encontrei o meu primeiro namorado no menos apropriado çugar e que até então só me gerou desconforto, o hospital. Nos casamos mês que vem.

Junto das amadas
- Eu demorei tanto pra encontrar pra alguém, e quando encontro é essa droga.
- A vida não é romance. São desencontros que geram mudanças ....
- Não é romance, nem muito menos poesia.
- Sim, ela é uma merda.

"A vida é uma carga pesada; mas não vos mostreis tão contristados. Todos somos jumentos carregados."

uma arquitetura pesada a da vida né? risos.


Sua jumenta, lide com a carga.

Lide com o gosto que você quis engolir.
Com o emponderamento que você deu por que quis.
E que a falta é sua, porque você escolheu o buraco.


só pensava no silêncio que agora é desconfortável.

fale comigo, seu puto!
ou não.
é só mais um deixar.


esses encontros ainda me matam


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

espelhos



"De que serve ter o mapa, se o fim está traçado?
De que serve a terra à vista, se o barco está parado?
De que serve ter a chave, se a porta está aberta?
De que servem as palavras, se a casa está deserta?"



Ressentimento. Olhou-se no espelho do passado e viu os golpes e curas que teve na vida. Lembrou-se dos toque indesejados. Do nojo de si mesma. Das vezes que se machucou. Gritou. Chorou. O toque inicial marcou a vida. Tão nova. Machucou-se tanto para não lembrar, queria uma dor pálpavel. Cansada da dor da lembrança de algo que era um nuvem que mal lembrava.
Que dor.
Quantas vezes teve o coração partido para crescer. Achava-se sábia. Achou-se. A vida não era pra ser dificil, uma vez dissseram. Mas era. Para crescer teve que parar de olhar para si e para o outro. Descobriu o entre. O encontro. A arte de "deixar e receber um tanto". 
Lágrimas.
De dor.
De crescer.
O luto. 
Quis tanto morrer, tantas vezes.
Quis tanto viver tudo, sem deixar nada morrer.
Aprendeu o "live and let die"
Deixe ele, deixe você.
Deixe-se.
Ser.
E agora no espelho. Sempre a fascinaram. Quando criança gostava de olhar-se nua. Odiando a si mesma. Sim, gostava de se odiar. Era um ódio direcionado. Sabia a quem odiar. Pensava como seria se fosse outra, nunca entendeu porque cargas d'água teve que nascer naquele corpo, naquela casa, naquela invasão. Demorou pra entender que era alguém também. Sempre achou que não passava dos quinze anos. Por isso, aos treze quis conhecer o mundo. Fugiu. Conheceu tanto que se perdeu. E agora olhando-se no espelho, contemplava o corpo. Seu amigo que há vinte três anos a acompanhava. Sofreram. Aprenderam.

E ela que nunca se sentiu feliz
Ela que que nunca se sentiu triste
Nunca sentira o vazio
Agora se sentia gente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

(im)possibilidade

"Não sinto nada. Coração gelado"
maldito homem do gelo.

O vazio nunca foi tão silencioso
O silêncio passou a imperar
A vida nunca foi tão calma
Conseguia tocar no abismo
Não se encontrava hora nenhuma e em coisa alguma

encontros vazios
conversas vazias

apertou o coração e não conseguiu chorar
então

"i hurt myself today"

Depois de um período de doces poesias, o silêncio se instalou. Jogou-se ao mar e esperava tudo: emoções, amores, menos isso ... o nada. A possibilidade doía em sua pele. Engrossava, sentia as camadas se formando. Estava se escondendo. E com isso adoeceu. Vômito. Dor. 
A possibilidade... de que?
"Não quero mais brincar disso
Me devolve pra terra, por favor."
Sentia o nariz arder. O novo ar a sufocava. O novo toque, lhe dava ojeriza. Quis tanto chorar, mas os olhos estavam estagnados, os músculos fadigados, o coração ... cadê? Sentou e disse: "você tem que me dizer algo, não suporto esse silêncio"
E não ouviu coisa alguma.
Resolveu se machucar
Coisa alguma

A dor que tinha sido sua amiga por tanto tempo, lhe abandonara.
Agora era ela e a possibilidade.
"mesmo que nada"
Não, é o nada mesmo.
Construa algo!
Faça as pontes!
Cresça.
E sim, sempre vai doer.
mesmo que não doa.

O sábio uma vez disse:
"Angústia é a possibilidade de toda impossibilidade"

"para aprender a criar são necessárias várias mortes"

E eu te digo pequena,

angustie-se
viva
deixe sair
deixe entrar
morra
mas não esqueça que a possibilidade é você.