de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

a gosto.

Com o corpo banhado de tantos toques e coração isento de qualquer calor.

Com os cabelos aos ventos de agosto. E as lágrimas congeladas, presas em um peito que há muito se nega a sentir. Chega à conclusão que o coração talvez nem exista mais. Só um sorriso de ternura bem servido à enganar aos que lhe apetecem.
A puta nunca esteve tão bem treinada.
Bem vivida.
Bem sentida.
Agora sim, uma puta.

Da doce fumaça surge os peitos, surgem a boceta.
Dos lugares aleatórios, surgem os paus, surgem a força.
surge o espelho.
O espelho do sexo há tanto negligenciado e agora vivido com toda a vivacidade que seu corpo, que parece ter diminuído, conseguiria aguentar.

A menina.
Ele insiste em me chamar de menina.

A rocha
Ela acha engraçado, mas não vê as rachaduras e flores encobertas.

A linda
Só mais vítima do pobre engano surgido em um sorriso que não se sabe a que se mostra.

Com o coração cheio de nada.
vários nadas.
Que refletem a incansável busca por algo que amenize a dor de no fundo só ser mais alguém.
Uma busca cheia de desencontros
De amores
De encontros
Crescimentos.

Mas no fim, todo mundo sabe: dá em nada.

vida que segue.
sigamos!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

complet(ação)

E foi atrás de mais um encontro com o nada.

Sexo, sexo, sexo.
Um noite preenchida de coisa alguma, cheia de esbarrões com ninguém, repleta da delicadeza do vazio.
Recebendo tudo que podiam dar, bebendo de todos os líquidos, engolindo o mundo da melhor forma que podia.

- O que você quer?
- Eu quero que você mande em mim. Eu quero ... que você finja que se importa e me inunde de qualquer coisa que possa dar.
- Eu só tenho coisas sujas, menina.

E foram.
Não transaram, não foderam, nem muito menos fizeram amor ...
Completaram-se.
E foram
Um do outro
E foram
Embora

para o vazio, para a memória.
onde as coisas são sempre mais bonitas



solitude

A dor do que acabou antes de começar.

Saiu e chorou. Sim, ela sempre sai. Precisa.
Escrever é só mais uma forma de ir embora, de se vestir de outra. Vestir-se de um mundo aonde vocês não possam atingi-la. Um lugar onde o outro seja ... o outro.

Ontem eu gozei pensando em vocês. Vocês são vários ... que insistem nessa vontade de me comer, morrer, me matar, mas me deixando viver para sentir a dor de sempre perder.
E eu fico nessa busca pelo nada, por qualquer coisa que me faça sentir qualquer porcaria que me dê um minimo motivo de vida.
- Porque porra é o outro que tem que te dar alguma coisa?
"Somos os outros disfarçados de nós."
E eu só tenho o que me deram, não o que eu dei. O que eu dei foi embora, foi soprado na velocidade de uma pena que insiste em ir devagar,para que eu a veja partindo ...
devagar ...
devagar ...
foi.

Mas ainda bem que a gente cresce e aprende a perder. Aprende a ser alguém diante dos vazios deixados por ninguém.
E buraco? Esse continua.
pulsante.
desejante
ardente

morrendo
por vida

domingo, 8 de março de 2015

a espera

- Eu fui ao inferno só pra encontrar você. E não achei nada. Em uma mesa vazia de amigos falsos, que não sei o sobrenome e o situação astrológica de nenhum, minha mente se confunde e como sombras vejo todos vocês: os olhos, o faminto, o que me mata, o que me inspira ... todos dentro de mim, dançando um tango planejado que parece trazer o agouro da minha morte há tanto anunciada e desde sempre planejada.

- Eu não tive tempo de esperar você, não ando tendo tempo. O tempo me consome e a rotina me leva a obrigação metódica de encontros com o nada. Que me levam a lugar algum. Eu espero você, mas sinto que outra parte foge o tempo todo.

- Eu não tenho nada! Você me tem, me teve ... a vida toda, que como uma abelha que ao perder seu ferrão, perde essência e a razão de existir, eu tenho rolado ao nada. E a vida, sim, esta tem me trazidos encontros vazios. O nada tem estado presente o tempo todo. E quando me aproximo do vazio, só encontro você. Que me lembra do adolescer febril que me fazia acreditar na existência de um amor puro de interesses. Você é a vida que eu me neguei a ter. E porque raios você me aparece? Eu não te pedi promessas vazias, eu não te pedi nada. Eu só estava lá, estou aqui ... esperando você me dizer qualquer coisa, qualquer gesto vazio que dê sentido a essa minha espera de coisa nenhuma. Estou cansada.

E com isso, sentou na areia. Deita. Chora e sorri. A liberdade de ter se derramado passa a ser emponderada.  E ai percebe que depois de anos de espera, não conseguiu nada. Apenas o coração partido, uma mala com descongestionante nasal, dois lenços e a carta que lhe escreveu aos 12 anos e que nunca vai ser entregue.

Ah, e mais uma coisa.

agora o coração que até então estava cheio.
gritava no vazio.
ele logo aprenderia a voar.

domingo, 25 de janeiro de 2015

lixão


Com os olhos semicerrados, lágrimas que insistem em cair nas horas menos propicias.
Tudo dói. O coração pula em brasas. Ferve! Explode! Cresce. Evapora. E insiste na divisão.

- Porque você é puta?
- Eu só queria fazer os outros felizes.
- Que boba. Feliz só se faz sozinho.
- Por favor, diz que é mentira.
- Feliz só se faz só.
- Eu vi! Você chorou! Enquanto gozava! Você chorou! E ali eu vi você, vi alguém. Não o monstro que você insiste em ser. Eu vi uma pessoa! Que sofre, que chora, que é vulnerável, que pode ser feliz.
- Sim, fui feliz.
- Você estava comigo.
- Eu sempre estou só.
- Vou embora.
- Por favor.


E de tudo, nada ficou.
A angústia. Que é o nada e o coração que insiste em se rasgar.
- Nunca mais me entrego.
Ela só queria fazer alguém feliz.
.
O quintal repleto de plantas, suas melhores amigas, únicas amigas. Uma religiosa que insiste em cravar o amor. Um amor doído, que entra através de feridas, de beliscões, tapas e palavras. Aprendeu cedo a dor do amor.
- Estou fazendo isso porque te amo muito, vai doer e nunca diga a ninguém.

Sua idiota, porque deixou?
- MAS EU SÓ QUERIA FAZER ALGUÉM FELIZ.

´É a felicidade que insiste em se fazer por pedradas, por feridas, por punhos cortados, por comprimidos tomados ao acaso. Tentativas ... sim, de ser feliz. De fim.

Meu bem, o seu amor é só o amontoado de pedras, comprimidos e cortes que te fizeram crescer. Te fizeram subir nesse monte.
Agora ela, sentada no seu próprio monte.
 Montanha de mortes.
 Montanha de acasos.

E nisso, se joga.
Da morte, ela se joga.
E percebe que cresceu.
Da morte, se joga.
Pela vida é recebida.





domingo, 11 de janeiro de 2015

queda

- Saia de dentro de mim.
- Nunca estive.

Com isso, percebeu-se do fim. Uma vida arraigada no não existir. A negação da soma, sempre foram divididos.

"juntos permanecemos, divididos caímos"

Divididos de mágoa, de raiva, de amor. Juntos de lágrimas.
A carne permanecia unida, os corpos teimavam em juntar-se. Não conseguiam separar. Quando juntos, clamavam pelo suor um do outro.

- Você pode amar outros, mas trepar, só trepa comigo.
- Seu filho da puta, me fode.

E assim, só assim, conseguem permanecer unidos.
Mas após o gozo .... porque o gozo sempre chega?
Para lembrar da divisão. Lembrar que a permanência nunca ocorre. No fim, sempre a queda.

a queda
a divisão
o adeus