de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

domingo, 23 de março de 2014

Conversando comigo

"Minhas sensações são cada vez mais doídas. Simples eventos são capazes de acabar comigo, a dor está sendo cada vez mais incitada por mim. Eu crio tragédias inteiras na cabeça e ainda choro por elas. O desprazer para mim é um sentimento cada vez mais atrativo. Hoje eu pensei em como seria se eu levasse várias facadas no caminho da faculdade, eu viria me arrastando para pedir socorro ... mas será que alguém me socorreria ? E porque tantas facadas, se só uma bastava ? Como diria Clarice, talvez seja só a vontade de morrer."

Erika de 18 .

Querida erika de 18 anos, como você sofre. Fique tranquila, sofrimento aduba a alma, hoje você é uma pessoa forte. Engraçado como faz sentido. A morte, o fim, o recomeço. Hoje tudo isso é muito significativo em sua vida. Hoje você aprendeu que não precisa pedir socorro pra ninguém, não precisa morrer pra chamar pra atenção. A morte é diária, se faz presente assim, em cada sorriso. Sim, sorriso. Ah, a tragédia. Todo dia é uma. Tragédia. São coisas bonitas né ? Isso, querida erika, você não perdeu. O gosto pelo o que ninguém vê nada de bonito. Diria até que aumentou. Hoje isso é o seu trabalho. Seu trabalho é abraçar o que vai embora, e contemplar o que nunca mais será visto. E o engraçado é que você vai amar isso. E vai ser feliz! Não o tempo todo, claro. Mas vai dar certo. Você vai mudar a vida a vida de pessoas. E a vontade de morrer, vai ser trocada pelo gosto pelo fim. Não mais vontade, mas desejo. De Viver. E a morte ... é a vida. Por isso, não se mate, erika. Não se mate.

Erika de 22.


"Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Não se mate"


um poeta gauche na vida 

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