de natal

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte "

poetinha

sábado, 24 de junho de 2017

o invisível

"- Qual o nome do seu pai?
- Eu sei lá ... (riso nervoso)
- E o teu endereço qual é?
- Pera, eu acho que tem anotado.
- Você tem número de contato?
- Tem aqui em algum papel, pera.
- Qual a sua data de nascimento?
- Eita, eu não sei não.
- Tu não sabe quando faz aniversário?
- Eu nunca nem comemorei isso ... (riso nervoso)."
Assustou-se quando perguntei o que ele gosta de fazer e quando esclareci que ali ele ia ser um adolescente normal, que não ia ser diminuído e que ninguém ia saber a motivação dele estar ali ... conseguiu sorrir.
Foi embora. Apenas mais "de menor", negro, sem pai, que cumpre medidas socioeducativas.
Foi embora. Mas ficou dentro de mim. O invisível. Aquela família que ninguém vê. Que não sabe ler, que não sabe dizer onde mora, que não comemora e talvez nem saiba da própria existência.
Olho pra assistente social e pergunto:
- Como se cobra tanta civilidade e humanidade de alguém que nem se reconhece e é reconhecido como gente?
invisíveis.
E a gente já passou por eles, só não olhou ...


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